Faz hoje 4 anos que o meu avô nos deixou. Inesperadamente, não acordou. Fomos apanhados de surpresa. Ele era um pai para mim e para a minha irmã. Ele vivia em nossa casa e embora vivêssemos com os nossos pais por ele tínhamos o mesmo respeito que temos pelo nosso pai.
Ele reformou-se em 1981, e claro , os meus pais continuaram a trabalhar. Ele ficava connosco e tomava conta de nós. Até nos fazia o comer. A minha mãe nunca teve a preocupação de não ter onde deixar as filhas porque ele estava sempre lá.
Entretanto eu casei. A maior felicidade dele foi ir ao casamento da neta mais velha. Estava tão contente.
Depois nasceu o meu filhote. Ele quando o foi ver a minha casa estava tão contente que nem cabia em si. Quando eu lhe disse que o filhote se chamava João ele disse:
- Não tinhas outro nome? É só João, João, João. (O meu pai e o meu marido também se chamam João)
Mas na realidade eu nem me lembro de lhe dizer que o filhote também tinha o nome dele: Henrique.
Até hoje penso nisso, será que ele sabia que o bisneto se chamava João Henrique?
Avô, todos os dias penso em ti. Temos muitas saudades tuas.
Hoje, quatro anos depois, fiquei sem a minha avó. Também inesperadamente. Ainda ontem a minha tia a foi ver. Ela não estava bem, mas nada fazia prever que nos deixasse hoje.
Também não acordou. O coraçãozinho dela não aguentou. Ultrapassou a morte do marido e a morte de um filho. Os desgostos próprios da vida. Aos 84 anos disse que não queria mais. Recusou-se a viver mais.
Embora não vivesse na nossa casa esteve sempre connosco no nosso crescimento. Ainda brincou com o bisneto que adorava. Era uma avó muito querida.
Adeus. Voltamo-nos a ver noutro lado. E espero que lá cima olhes por nós. Vou sentir a tua falta.
Um beijinho muito grande daqui até ao céu.